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FINANCIAMENTO DE IMÓVEIS BATE RECORDE


11.11.2010



Diante do forte crescimento da economia, juros em queda e perspectivas positivas para os próximos anos, o ritmo de concessão de crédito imobiliário nos bancos privados e estatais tem crescido com força neste ano e batido recordes. O movimento não deverá parar por aí: em 2011, os bancos vão continuar buscando oferecer mais financiamento para as pessoas adquirirem imóveis.

 

"A disposição das pessoas físicas em aumentar seus níveis de endividamento continua elevada, diante da confiança em alta dos consumidores e as boas perspectivas do mercado de trabalho. O crédito imobiliário deverá continuar se destacando e crescendo no mesmo ritmo atual, pelo menos até o primeiro trimestre de 2011, horizonte medido pelo nosso indicador", afirma o gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi. "Diferentemente de outras modalidades, como o cartão de crédito, o financiamento imobiliário trabalha com prazos muito longos, de até 30 anos, e juros relativamente baixos, de 12% ao ano. Esses são pontos que contribuem para estimular sua expansão futura", comenta Rabi.

Principal agente financiador da construção civil no Brasil, a Caixa Econômica Federal (CEF) tem batido recordes sucessivos nos últimos anos. Em 2010, não será diferente. O crédito imobiliário deverá chegar a R$ 70 bilhões neste ano - cerca de 50% superior ao resultado de 2009 e 14 vezes maior que os R$ 5 bilhões financiados em 2003. Parte do bom resultado se deve à criação do programa Minha Casa, Minha Vida, destinado a famílias de menor poder aquisitivo. Até o fim de outubro, a Caixa havia contratado 712.902 unidades habitacionais, no valor de R$ 40,1 bilhões, no programa.

 

 

Em setembro, a média diária de financiamento de imóveis na Caixa chegou a 5.340 contratos. A expectativa é de que, nos meses de novembro e dezembro, se mantenha acima de 5 mil contratos por dia. As perspectivas para 2011 também são positivas, com possibilidade de expansão de até 20%.

O otimismo do banco estatal é compartilhado por instituições privadas e se deve a dois fatores: o Brasil convive com um déficit habitacional de aproximadamente 7 milhões de unidades residenciais, e a penetração do crédito imobiliário na economia brasileira ainda é baixa. Cerca de 90% do déficit de residências no país está concentrado nas famílias que recebem abaixo de cinco salários mínimos mensais, 7% nas famílias que recebem entre cinco e dez salários mínimos e o restante nas famílias ganha acima de dez salários mínimos.

Segundo estimativas do Bradesco, se somado o crédito a financiamento e construção de imóveis, o financiamento ao setor imobiliário deve chegar a 3,9% do PIB neste ano, bem acima dos 2,1% apurados em 2008 e dos 2,9% de 2009. Em 2014, o número deverá saltar para 14,7%. "O ritmo de concessão está em forte crescimento em todas as regiões do Brasil e as perspectivas são muito positivas", diz o diretor da área imobiliária, Cláudio Borges. De janeiro a setembro, a contratação chegaram a R$ 6,8 bilhões, 25% a mais do que no mesmo período de 2009.

Para 2011, Borges também acredita que a demanda por crédito imobiliário deverá permanecer em patamares elevados e crescer bem acima dos dois dígitos. "As classes C e D começaram a ingressar com mais força no financiamento", diz Borges. No Bradesco, cerca de um terço do dinheiro concedido a pessoas físicas para compra de imóveis tem sido direcionado a quem recebe entre três a dez salários mínimos. Em 2010, cerca de 20% dos imóveis financiados têm valores de aquisição entre R$ 100 mil e R$ 150 mil. NO ano passado, 13% dos imóveis adquiridos estavam nessa faixa de preço.

No Itaú Unibanco, a carteira de crédito imobiliário também cresce. De janeiro a setembro, atingiu R$ 12 bilhões, alta de 13,9% no trimestre e de 52,7% ante o mesmo período do ano anterior. Do total, cerca de R$ 7 bilhões se referem a operações com pessoas físicas e R$ 5 bilhões em dinheiro financiado a incorporadoras e construtoras. Apesar do crescimento, o segmento representa cerca de 4% da carteira do maior banco privado do país, um percentual que não está muito longe do verificado em outras instituições financeiras privadas. Estimativas de mercado apontam que entre 5% a 7% das carteiras dos bancos privados no Brasil estão direcionadas a imóveis, um número baixo quando comparado a outros bancos no exterior.

Na Europa, cerca de metade da carteira dos bancos está ligada a hipotecas. "Na operação global do Santander, as hipotecas chegam a responder por 50% da carteira do banco, o que mostra o potencial que o segmento representa no Brasil", diz o diretor de negócios imobiliários, José Roberto Machado. Entre janeiro e setembro, a filial brasileira do banco espanhol registrou carteira de R$ 11,7 bilhões, sendo que 60% estão relacionados a operações com pessoas físicas e 40% com incorporadoras e construtoras. "Temos visto uma penetração desse produto em todos os segmentos, da renda mais baixa à mais elevada", analisa Machado.

Com a economia estável e inflação sob controle, as pessoas de baixa renda têm trocado o aluguel por parcelas da aquisição do primeiro imóvel. Na média renda, os reajustes salariais acima da inflação e o aumento do preço dos imóveis têm feito com que muitos financiem a compra de um imóvel melhor e maior que o antigo. No topo da pirâmide, os consumidores de alta renda investem em residências de olho na remuneração do aluguel, uma forma de ampliar o portfólio de investimentos.

Nos últimos meses, uma dúvida tem surgido entre os analistas: o crescimento da concessão de crédito imobiliário no Brasil está sendo sustentável? No caso especifico de financiamento imobiliário, além de avaliar a renda disponível do cliente, os bancos buscam fazer com que a prestação não comprometa além de 30% da renda de quem toma o empréstimo. Na Caixa e no Bradesco, na média, quem tem acesso aos recursos utiliza cerca de 20% da renda para adquirir um imóvel.

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