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CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS GANHAM ESPAÇO; CONFIRA ALGUMAS ALTERNATIVAS DO RAMO

10.04.2017












A construção civil é um setor indispensável para o desenvolvimento da sociedade. E também um dos que mais causa impacto no planeta. De acordo com o Conselho Internacional da Construção (CIB, sigla originária do francês), a construção civil é o setor da indústria que mais consome recursos naturais e energia de forma intensiva. A estimativa é de que 50% dos resíduos sólidos gerados pelo homem provêm desse ramo.

Por isso, tem aumentado a preocupação de se levar em consideração, na hora de construir, fatores que antes passavam despercebidos, mas que causam impactos imensuráveis. “Não podemos mais ficar alheios à nossa responsabilidade pela saúde do planeta. Estão se esgotando nossas fontes de materiais e isso abrangerá todos indiscriminadamente. Devemos, então, em tudo o que formos fazer, em todas as nossas escolhas, pensar que somos parte deste todo”, observa a arquiteta Luciana Costa, de Sorocaba (SP).

Foi pensando nisso que Benedito Macedo decidiu utilizar em sua casa matérias de demolição e aquecimento solar. “Eu procurava ferragens e um portão em uma loja de materiais usados. Foi quando questionei o dono sobre tijolos e ele me levou em uma casa, com mais de 70 anos, que estava sendo demolida. Acabei comprando os tijolos, portas e janelas. A instalação do sistema de aquecimento solar está pronta, mas ainda faltam as placas”, conta.

Engana-se quem pensa que este tipo de construção necessita de mão-de-obra especializada para ser feita. “Pelo fato de serem materiais básicos, não tive dificuldades em encontrar mão-de-obra. Só tive reclamação dos pedreiros, já que cada tijolo pesa cerca de dois quilos e meio”, brinca Macedo.



Portas, janelas e até os tijolos foram reaproveitados de uma casa em demolição com mais de 70 anos de história (Foto: Arquivo pessoal/Benedito Macedo)


A ideia de sustentabilidade é um assunto de interesse de Anderson Maximiliano da Silveira, que, levando em consideração o meio ambiente e o custo-benefício, decidiu construir uma casa sustentável. “A opção por uma construção sustentável veio, em parte, por discussões sobre o que cada um pode fazer para melhorar a utilização dos recursos naturais e também pelo fato de que, a longo prazo, não irei gastar com manutenções desnecessárias”, conta Anderson.

O projeto da casa dele contém uma cisterna para armazenamento de água da chuva, placas de energia solar e iluminação natural através de faixas de vidro próximas ao teto. Além disso, a estrutura da edificação será montada com blocos estruturais cerâmicos, que contribui para o conforto térmico e evita o uso exagerado do ar-condicionado.

Soluções sustentáveis na construção podem ser mais acessíveis do que parece. Uma garrafa pet, por exemplo, pode virar uma luminária de luz natural. “Para ambientes que não são usados à noite e não recebem luz do sol, como garagens, lavanderias e áreas de passagem, basta furar o telhado, encaixar uma garrafa pet cheia de água com uma metade para dentro e outra para fora, fazer a vedação e você tem uma luminária de baixíssimo custo”, ensina a arquiteta Luciana.

Sérgio Castelo Branco conhece bem essas soluções acessíveis. Há dois anos a casa dele é equipada com um sistema de captação da água da chuva de baixo custo. Essa água é usada para regar plantas, lavar o carro e o quintal.

“Na época, paguei R$ 220 por uma caixa d’água de mil litros. Já as conexões, que levam a água de um recipiente a outro, comprei de segunda mão. O esquema funciona assim: a água da chuva é levada por calhas até a caixa e, através de um cano, ela é direcionada para o quintal. Com isso, minha economia é de aproximadamente R$ 40 por mês”, explica Sérgio.


Sistema de baixo custo capta e amarzena água da chuva para limpeza do quintal, rega das plantas e lavagem do carro (Foto: Arquivo pessoal/Sérgio Castelo Branco)


Além das soluções alternativas, existem no mercado diversas opções que não degradam o meio ambiente e oferecem vantagens. “Podemos afirmar que o custo-benefício é infinitamente grande. Levando em consideração os desperdícios de uma obra tradicional, acredito que os valores se equipararam. Fora o aspecto financeiro, é a comunhão com a natureza, com os animais. A mentalidade está mudando muito rápido e cada vez mais as pessoas vão querer consumir esse tipo de coisa”, ressalta Luciana.

Materiais sustentáveis


Para ela, o bem estar do planeta está diretamente ligado às nossas escolhas e, por isso, é necessário substituir os materiais que degradam o meio ambiente. A arquiteta preparou uma pequena lista de materiais sustentáveis:

- A melhor alternativa para as madeiras é a madeira plástica, utilizada em decks, forros e mobiliário. Existe também a opção de madeira de reflorestamento, essa alternativa é sustentável, mas até certo ponto, isso porque onde essas árvores foram plantadas havia uma floresta nativa.

- Para os tijolos tradicionais, que precisam ir ao forno e geram resíduos, existem diversas opções, como tijolos crus, solo cimento, OSB (Oriented Strand Board – são painéis de madeira para fechamento de paredes). Há ainda a alternativa dos tijolos de demolição.

- Os pisos externos podem dar lugar a placas auto drenantes, que, como o próprio nome diz, drenam os líquidos e não permitem que poças se formem. Esse material gera uma economia de água, já que a lavagem não é necessária.

- As telhas comuns têm o mesmo problema dos tijolos. Elas precisam passar pelo forno, mas existem as de cerâmicas e cimentícias feitas com materiais recicláveis. Outra dica é utilizar telhas brancas, porque elas rebatem a luz do sol e mantêm os ambientes climatizados.

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